quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Brasil


É caros leitores, a situação não anda nada boa para nós, brasileiros. Ontem, mais uma vez o poder legislativo nos envergonhou. Não que eu não esperasse que isso não fosse acontecer, mas no fundo, ainda tinha esperança de que os senadores votassem pela cassação do Renan. Mais uma vez o país e principalmente o legislativo, nos mostram que não temos instituições sérias.
O presidente do senado me tem um filho fora do casamento (até aí td bem, isso é problema dele com sua esposa) e manda um lobista pagar a pensão. Para justificar o injustificável, ele esfrega em nossa cara "comprovantes" de rendimentos com a venda de gado. Rendimentos esses que nem os mais eficientes pecuaristas brasileiros conseguem ter, e olha que nosso país é altamente competitivo neste setor. Depois aparecem denúncias de compra de meios de comunicação através de laranjas, lobbies para desviar as verbas dos ministérios do PMDB e pra completar ainda isenta a dívida de uma cervejaria com o INSS, dívida essa que girava em torno de 100 milhões de reais. Tudo bem, ele nunca vai aposentar-se pelo INSS mesmo, nem vai precisar pegar uma fila gigantesca para comprovar que está inapto a trabalhar ou qualquer outra coisa do tipo.
Somos todos grandes otários, engolimos tudo isso e ainda engoliremos mais. A carga tributária não pára de subir, os escândalos não param de aparecer e nós continuamos sentados em nossas cadeiras, sem fazer porcaria nenhuma. Me envergonho profundamente por não fazer nada, mas confesso nem saber por onde começar. Talvez discutir com os amigos, postar neste blog seja alguma coisa, mas passa muito longe do suficiente.
O mais triste disso é ver tudo acontecer dentro de um governo que sempre sonhei para o meu país. Desde o meu primeiro voto para presidente, nos idos de 1998, voto no Lula (quase sempre votei no PT), um dos dias mais felizes que tive foi num domingo, 27 de outubro de 2002, quando o Lula ganhou a eleição... fui para a praia comemorar com amigos, tomamos todas e tivemos o direito de sonhar com um país melhor. Depois veio o choque de realidade, mesmo um governante como Lula, eleito com grande maioria dos votos e imenso apoio popular, precisa fazer um governo de coalizão, unir forças, ceder ministérios, buscar apoio em bancadas. Esse primeiro choque aconteceu quando foi anunciado o acordo com o PMDB, depois vieram outros que não cabem ser citados aqui, afinal, este é um blog de música.
Para terminar o assunto (assunto esse que ficaria por horas escrevendo, mas não quero encher o saco dos caros leitores), digo que só tem uma coisa que não aceito: é essa elite oportunista que não agüenta mais ver o PT no governo vir me dizer que nunca houve um governo tão corrupto na história do país. Façam-me o favor, não preciso ficar aqui relembrando a compra de votos para aprovar a reeleição, as privatizações escandalosas, o banco de investimentos do André Dantas que ganhou horrores especulando na cotação do dólar com informações privilegiadas (quer saber mais sobre isso? visite o blog Conversa Afiada e faça uma breve pesquisa que vc achará), as contas nas Ilhas Cayman, etc etc etc.
É triste ver que o governo precisa lutar para manter um Renan Calheiros na presidência da casa, para manter a governabilidade. Bem, paciência. É também triste ter que contentar-se com esse governo, pois uma coisa eu ainda digo... PSDB e Democratas (PFL mesmo, vai!) governando o país novamente, é tudo o que não quero.
Agora, a música do dia é do Cazuza, acho que é a mais adequada para a situação... apesar de em certos momentos deste texto, eu ter me lembrado daquela música que até hoje me comove (talvez por trazer belas lembranças), a da campanha de 1989, "Lula lá, brilha uma estrela, Lula lá..."
Mas enfim, a música de hoje é do Cazuza.... muito adequada para a situação.

Brasil
Cazuza/George Israel/Nilo Roméro

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha

Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer "sim, sim"

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair)

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